
Chove... demansinho, subtilmente, pausadamente uma gota esbate-se no vidro desta janela estilhaçada , quebrada, ensanguentada, janela doida da vida...
Chove... dessa chuva miudinha que dizem os antigos só molha os tolos, entranha-se a chuva dentro de mim e cobre-me, não fosse eu doida, tola, tonta... endoideci desde que me conheço... Chove e canto à chuva essas melodias sem letra nem música que se desprendem do coração e inundam o espaço quebrando as barreiras do real, canto e a voz perturba quem escuta, não quero saber, quero cantar, quero sorrir, quero chorar ao sorrir, quero esta chuva, este céu, este mundo que é só meu e teu... quero-te a cair em mim como esta chuva miudinha, fina, penetrante... quero-te assim na fuga de um instante.
Chove, quero lá saber! As roupas molhadas ajustam-se ao corpo agora desperto que ganha forma, os cabelos emaranhados, molhados acompanham a cabeça nesses movimentos loucos, rodopiando, gritando desenfreadamente este sentimento perturbador que me enche de vida... Chove...
Chove... Deixa chover ainda muita chuva cabe dentro de mim...
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