
Uma saudade passeia vacilante,
Suspensa e extasiada, entre o sonho e a poesia,
Hesitante, percorre os meus olhos mansamente,
Como se fosse apenas meu
Esse destino de te gostar e não te ter,
Essa dor de te sonhar e não te ver,
Essa angústia de quase te tocar
Nas fortalezas onde te escondes
Das minhas persistentes buscas...
Em outra parte do meu coração ferido
Uma esperança acorda preguiçosa,
Buscando refúgio no favo dos sonhos...
Tímida, ela acaricia o lume fugidio do meu olhar,
Espraiando-se lânguida como se prometesse
Ao teu amor se entregar...
Um amor terno e verdadeiro,
Não o oceano bravio onde naveguei,
Mar aberto de ilusões
Onde depositei os meus mais sublimes desejos,
E ainda assim, naufraguei...
Sorridente, ela esvoaça
Em meus vazios interiores,
E alcança-me no mais longínquo de mim,
Busca o beijo apenas imaginado
Em ondas azuis de ternuras há tanto desejadas...
Então, aporta em novos dias, que sorriem,
Na aurora do gostar que me ofereces...
E, à porta do meu coração, aberta e receptiva,
Abraçam-se a Saudade e a Esperança...
E na quietude da noite,
céu e abismo sobrepõem-se a todos os meus silêncios
E deixo-me adormecer,
tendo na face um sorriso puro de criança,
ao som calmo que tu cantas para mim...
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